Se as palavras nunca voltam vazias, a estreia de nabru é retribuída com um dos melhores discos de rap de 2024.

Na contramão, a mineira entrega um trabalho introspectivo, potente e, acima de tudo, real. Temas como solidão, sonhos, ancestralidade, amizades e fé surgem sem rodeios e se intensificam pelas bases econômicas e soturnas do disco.

É como se fossemos abduzidos para a mente da rapper madrugada adentro, em um rico fluxo de pensamento.

Para quem gosta de: Emicida, Killa Bi e Nitcho

Melhores faixas: 4Shared, Letramento e Lithium

O Hurtmold precisou de apenas um disco para construir uma identidade sólida como concreto.

As guitarras que costuram melodias improváveis, o balanço urbano da bateria e das percussões, e as cintilantes vozes do vibrafone.

Entre o jazz, o math rock e o experimentalismo, embarcar no som da banda é ter a convicção de que tudo pode mudar na próxima esquina.

Para quem gosta de: Mahmed, Nômade Orquestra e Odradek

Melhores faixas: Amarelo é vermelho, Miniotario e Sova

Quem não gosta de uma vibe leve pra falar de temas profundos e universais? Em sua estreia, o artista de Berlim evoca o soul, o pop e o jazz como aliados nessa tarefa.

Equilibrando arranjos elegantes a uma sonoridade essencialmente acessível, Cosmo Lautaro aborda questões da juventude através de uma ótica intensa mas, sempre apontando para o futuro.

Embora permita-se viver cada sensação, LOTUS é um disco que reforça que tudo passa.

Para quem gosta de: Raquel Martins, Tom Misch e Allysha Joy

Melhores faixas: RUMORS, LOTUS e DON’T FORGET BOUT ME

O primeiro disco de TAXIDERMIA é impávido, firme em suas próprias convicções. Mesmo que isso signifique atordoar o ouvinte por alguns instantes. 

Essa voracidade é uma das maiores forças do disco, que cria seus próprios contornos para o “fazer música” e registrar o tempo.

Pop, eletrônico, ritmos regionais, noise, funk e um muitas outras coisas se incorporam mutuamente para uma sonoridade vibrante, elétrica e incandescente.

Para quem gosta de: Giovani Cidreira, Negro Leo e Saskia

Melhores faixas: MIL SENSATIONS, PUREZA e SANGUE FERVENDO

Dentre as produções recentes, dificilmente você vai encontrar algo tão refinado quanto SOLAR.

Assumidamente luxuoso, é impossível não ser impactado pelo cuidado evidente em cada arranjo e linha apresentados no trabalho, que ganha força com a participação de um time consagrado de instrumentistas.

Os diálogos entre a percussividade da música brasileira e as harmonias do jazz ganham destaque em um disco esmerilhado, polido e, por fim, brilhante.

Para quem gosta de: Zé Manoel, Badi Assad e Rodrigo Campos

Melhores faixas: O SILÊNCIO DAS ESTRELAS, SOLAR e GIRASSÓIS

Fazer algo familiar se tornar autêntico é uma das tarefas mais complexas para o artista. Mas, em sua estreia, Megic Eric faz parecer fácil.

Vida Comum (Realismo Fantástico) caminha pela música brasileira, pelo indie rock e pelo folk através de uma poesia simples e madura que retrata, da mesma forma, os detalhes extraordinários do cotidiano.

É como revisitar a casa em que você passou a infância e atribuir novos significados para aquele espaço guardado no tempo.

Para quem gosta de: Cícero, Tim Bernardes e Maglore

Melhores faixas: Vida Comum, Teu Calor e Toda Natureza

A nostalgia se mistura a uma grossa camada de texturas no dream pop de sailawway, projeto da mexicana María Fernanda Fuentes.

O cenário que estampa a capa, em predominante azul, é preenchido por delicados sintetizadores, enquanto fragmentos de memórias se revelam ao refletir experiências da cantora.

Ótimo aquecimento para o álbum que a artista deve lançar ainda esse ano.

Para quem gosta de: Cafuné, No Vacation e Montell Fish

Melhores faixas: Awake e Somewhere