#11: sobre salas, corres e esquemas

uma edição para fãs de Crumb, Jup do Bairro e Terno Rei

modo aleatório

a vida é assim. dias meio heavy metal, intercalados por dias meio bossa nova. às vezes, a graça tá em encontrar o fio que conecta tudo isso.

Rachel Reis - Meu Esquema

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Em sua estreia, Rachel Reis deixa um recado claro: o esquema é todo dela. A voz da baiana é quem conduz o ritmo de todo disco, num entrosamento íntimo com as percussões.

Romântico e tropical, o álbum evoca cenas de um verão apaixonado e propõe um passeio por ritmos como o brega, pagodão, pop e ijexá. Ao final do disco, é impossível não sentir uma brisa leve de verão.

Não é sempre que se encontra uma estreia tão consistente quanto a de Rachel Reis. Mas, assim como um dia de sol, quando acontece, o melhor a se fazer é aproveitar cada minuto.

Para quem gosta de: Luedji Luna, Karen Francis e Clara Ribeiro

Melhores faixas: Bota Pagodão Ponto Net e Não Venha Pela Metade

Vulppe - Salinha

O único disco da Vulppe soa como um exercício de desconstrução. 

São atmosferas densas, timbres enevoados, métricas que se dissolvem. Uma sonoridade elástica, que se retorce, mas é capaz de voltar ao seu estado inicial.

Ao longo de oito faixas, o grupo parece dissecar elementos do indie psicodélico para criar um som que é desafiador, sem deixar de ser acessível. 

Para quem gosta de: ROSABEGE, Boogarins e Terno Rei

Melhores faixas: Brunin, Particular e Já Não Reconheço

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Ojard - Chorale (Vol.1)

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Os detalhes se tornam gigantes no som da banda francesa: um diálogo aberto entre o jazz e a ambient music. 

São faixas que apontam para uma diversidade de referências, passando pela bossa nova, a música minimalista e sons latinos para investigar o conceito de “coro” a partir de diferentes vozes, timbres e arranjos.

Um trabalho que se revela em delicadas camadas para uma experiência contemplativa e um tanto sinestésica.

Para quem gosta de: Ezra Feinberg, Resavoir e Nala Sinephro

Melhores faixas: Carnaval, Albatros e Chorale

Charm Mone - CORRE

Charm Mone tem muita disposição. Isso fica evidente nos flows frenéticos e beats brutalistas de CORRE.

Sem pedir licença, Charm Mone distribui canetadas em um curto espaço de tempo, evoca uma rajada de sentimentos, como raiva, deboche, triunfo, desejo e revanche.

Percorrendo territórios como o trap, o drill e o pop, o trabalho apresenta uma aura incansável, inventiva e impactante, ao destacar as conquistas da artista em suas mais diversas dimensões.

Para quem gosta de: Jup do Bairro, Irmãs de Pau e Linn da Quebrada

Melhores faixas: DIZPARA, KAMICAZY e MOB

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Divino Niño - Foam

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O som de Divino Nino poderia ser descrito como uma radiante psicodelia. Uma viagem escaldante embalada por guitarras oníricas e batidas nostálgicas.

Embora o dream pop fale mais alto no primeiro disco da banda de Chicago, outros gêneros fluam com muita naturalidade como é o caso do folk, do indie rock e das influências latinas.

O quinteto traz pra sua estreia uma postura relaxada, mas não menos dedicada, entregando um álbum que é, ao mesmo tempo, divertido e refinado.

Para quem gosta de: Mild High Club, Devendra Banhart e Crumb

Melhores faixas: Quiero, Maria e B@d Luck

Bruno Berle - No Reino dos Afetos

Encontrar um único destaque para o primeiro disco solo de Bruno Berle é uma tarefa muito difícil. Tudo parece se encaixar tão perfeitamente, de forma que apenas um único brilho emana do trabalho, que passa pela música brasileira, indie, pop e experimentações.

Um disco que se fortalece justamente de sua simplicidade cativante, embalado por poéticas delicadas, singelas e penetrantes. Cada canção se conecta em um universo particular criado pelo maranhense. Um reino de belas possibilidades.

Para quem gosta de: Itallo, Nyron Higor, Marina Nemésio e Tori

Melhores faixas: Quero Dizer, O Nome do Meu Amor e É Preciso Ter Amor

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Brvnks - Morri de Raiva

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A capacidade da Brvnks se conectar me fascina já faz tempo. 

Eu acredito que isso acontece pela facilidade dela em se apresentar de forma vulnerável ao  tratar de temas que quase todo mundo vive, mas nem todos têm coragem de assumir.

Em Morri de Raiva, a mistura de dream pop e pós-punk parece reforçar a honestidade do disco, ao criar uma sonoridade caseira capaz de ressoar de forma íntima e pessoal.

Para quem gosta de: YMA, Courtney Barnett e Snail Mail

Melhores faixas: Yas Queen, Tired e Tristinha

Well I get sicker with your heart in mind
And the moon gets dimmer, and the room gets bright
If there's no rhythm to an unstoked fire
Whеn my eyes meet the window, will thе world be wide?

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Milton Nascimento nunca deixou de estar em evidência, embora sua personalidade introspectiva pudesse tentar provar o contrário. Mas, nos últimos anos, seu nome passou a estar cada vez mais presente, com participações cada vez mais frequentes em produções de nomes mais recentes.

Em 2024, gravou Milton +Esperanza, ao lado de Esperanza Spalding, registro indicado ao Grammy, na categoria de melhor álbum de jazz com vocal.

Já neste ano, o Bituca teve sua voz sampleada no álbum mais recente de BK’, o já aclamado Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer. Mas, nesta semana, a voz do Milton voltou a ecoar, desta vez cantando o refrão de Demoro a Dormir, faixa que compõe o novo disco de Djonga.

Fato é que Milton detém uma das discografias mais impactantes da música brasileira. Um legado belíssimo e quase indecifrável. O Sérgio Martins, compreendendo muito bem essa realidade, escreveu um artigo fantástico destacando a beleza que existe em tentar decifrar este enigma que é Milton Nascimento.

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até semana que vem!

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