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#3: sobre sítios, luzes e lampiões
uma edição para fãs de Crumb, Hermeto Pascoal e Luedji Luna

dê stop na play
às vezes, aquele seu mau-humor persistente é culpa de uma playlist que você tá ouvindo há dias e esqueceu de trocar. uma sugestão: a nossa já tá disponível 😉

Karen Francis - Anos Luz
A intensidade de Karen Francis cria um interessante contraste com a delicadeza dos temas apresentados em seu primeiro disco. São canções que evocam a juventude, romances e a autodescoberta sob uma ótica só dela. Entre versos cuidadosamente construídos e refrões potentes, a cantora amazonense entrega algumas das melhores canções do R&B dos últimos anos. Resultado de uma cuidadosa produção que une elementos contemporâneos aos ritmos regionais em uma sofisticada estreia. Resumo: impossível deixar de cantar junto desde a primeira audição. Para quem gosta de: Mahmundi, Luedji Luna e Gilsons Melhores faixas: Cardume, Fala e Chama |
Papangu - Lampião Rei
Se você nunca ouviu Papangu, aqui vai uma dica: não faça absolutamente nada enquanto ouve Lampião Rei. Isso porque qualquer pequena distração te fará perder um novo detalhe que surge neste trabalho tão ricamente criativo. E não é por menos: não é todo dia que se ouve um disco de metal progressivo que explora a temática do cangaço. Mais especificamente, narrando a origem de Lampião, a figura mais icônica do movimento. Para isso, o sexteto paraibano faz uma rica costura entre o metal, o forró, o jazz e o baião, criando uma sonoridade surpreendentemente coesa. A maestria, forte marca do grupo, também se revela nas letras do disco que, ao adotar forte apelo literário, finaliza a construção dessa nova e bela mitologia de um dos nomes mais marcantes da nossa história. Para quem gosta de: Hermeto Pascoal Melhores faixas: Boitatá, Oferenda no Alguidar e Ruínas |
Sítio Rosa - Sítio Rosa
Alguém estabeleceu que música infantil tinha de ser efusiva, lúdica, simples... mas Sítio Rosa prova que nem sempre tem de ser assim. E faz isso da melhor forma possível: com ainda mais música boa. Em meio ao folk e a MPB, o primeiro registro do coletivo mineiro que conta com Jeniffer Souza e Bernardo Bravo é atmosférico, terno e sereno. São canções que evocam figuras marcantes desse micro-universo que tem, como epicentro de toda movimentação artística, o sítio que dá nome ao projeto. As 12 faixas do disco funcionam como um grande álbum de fotografias, registrando momentos marcantes: os primeiros passos das crianças, os animais que fazem parte da família, as conversas sem pressa. Um abraço em formato de álbum. Para quem gosta de: Marisa Monte, Moons e Florist Melhores faixas: Lua, Te Ver Nascer e Não Chora |
Catavento - Ansiedade na Cidade
Imagine a principal avenida de uma grande cidade às 18h de uma sexta. Inquietação, entropia e inércia. De certa forma, essa metáfora também funcione para uma mente ansiosa. Talvez, uma ilustração seja fruto da outra. Em Ansiedade na Cidade, a banda gaúcha se propõe a desenhar essa sensação através de um indie pop psicodélico, marcado por camadas e mais camadas de timbres que se somam para criar cenários e provocar sensações compartilhadas por boa parte da população. Flertando com o jazz, a improvisação e o lofi, o sexteto nos apresentou a uma sonoridade que até hoje, 7 anos depois do lançamento do disco, raramente encontramos em bandas brasileiras. Para quem gosta de: Crumb, King Krule e Boogarnis Melhores faixas: Lagartia, Groove Geral e This Is Life/Corre |
Nilüfer Yanya - My Method Actor
Cada ano que passa, o pop fica mais complexo, denso e autoral. Eu adoro isso. O novo disco da Nilüfer Yanya um ótimo exemplo dessa transformação, evidenciada também nos trabalhos de outros nomes, como Mk.gee e Hana Vu. Eu meio a violões distorcidos, baterias ocas e sintetizadores corpulentos, a cantora britânica traz à tona questões complexas, mas sem qualquer preocupação em trazer respostas definitivas. A capa de My Method Actor sintetiza boa parte dessa energia que envolve todo o trabalho: olhar para o reflexo de si mesmo, a partir de um ângulo incomum, sob a luz ofuscante — embora artificial. Para quem gosta de: Mk.gee, Sasami e Hana Vu Melhores faixas: Mutations, My Method Actor e Like I Say (I runaway) |
Quartabê - Repescagem
Como tudo que já nos apresentou, o novo disco de Quartabê é desafiador. Em Repescagem, o grupo tensiona nossa percepção ao rearranjar canções de Dorival Caymmi, a partir de novos ângulos e abordagens. Repescagem não é um álbum que se entrega de primeira. Desafiando tempo, harmonia e métrica, o quarteto nos entrega um trabalho de intensa originalidade, pautando-se no diálogo entre clarones, teclados e bateria. O novo disco se revela aos poucos, sempre andando no limite (o que torna tudo mais sedutor) e esticando a capacidade de transitar entre diferentes sonoridades, como o jazz, a eurodance e o reggae. Em poucas palavras: uma pedrada absurda. Para quem gosta de: Metá Metá, Gui Amabis e Jards Macalé Melhores faixas: Maricotinha, Eu Cheguei Lá e João Valentão |
Tapioca - Samba em Kigali
Não se deixe enganar pelas batidas leves e melodias contemplativas deste duo belgo-brasileiro. Influenciados pela música brasileira dos anos 70, o Soul e o R&B são o pano de fundo para uma profunda reflexão sobre raça e pertencimento. Há anos vivendo fora do Brasil, Alessandro “Le Tagarel” Vlerick — responsável pelas vozes e letras de Tapioca — traz uma nova perspectiva do país e de ser brasileiro a partir das vivências colecionadas no continente africano. Entre amores, saudades e questionamentos sobre colorismo e ancestralidade, a dupla nos entrega um disco adornado por uma poesia que, ao mesmo tempo, consegue ser bela e incisiva. Para quem gosta de: Cassiano, Anderson .Paak e Marcos Valle Melhores faixas: Lagoas de Ruanda, Cara de Árabe e Terra Preta |
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Sim, o mundo dá voltas e se encontra no novo disco do Baianaystem. E isso sequer é uma figura de linguagem.
O quinto álbum do grupo conseguiu reunir algumas das figuras mais importantes da música brasileira. E a lista é grande:
Gilberto Gil
Emicida
Anitta
Pitty
Antônio Carlos e Jocafi
Seu Jorge
Orquestra Afrosinfonica
Melly
VANDAL
Mestre Lourimbau
Esse é o encontro mais emocionante desde a reunião de todos os rangers vermelhos. Afirmo com tranquilidade.
Em "O Mundo Dá Voltas”, o dub, o reggae, o pagode baiano e os ritmos latinos são protagonistas de uma grande abertura para a temporada 2025 de discos nacionais.
Ainda não ouviu? Então, clica no botão e comece a semana com essa sonzeira.
Depois volta aqui pra me contar o que achou!
de quem é a capa? 🤔
Percebeu que a thumb dessa edição é composta pela capa de um dos discos recomendados? Selecione seu palpite abaixo e descubra a resposta correta.
até semana que vem!

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