Entrevista com Jambu

A diversão é uma das sensações mais poderosas que existem. Poucas coisas são tão fortes quanto as lembranças de bons momentos com pessoas queridas. Apesar disso, em tempos de produtividade excessiva, muitos parecem ter se esquecido o quão incrível é se sentir vivo.

A Jambu, por outro lado, entendeu bem esse poder. Desde sua estreia, em 2023, com o ótimo “tudo é mt distante”, o quarteto manauara contagia ouvintes tendo a diversão como uma de suas principais forças criativas.

Mesclando rock, ska e indie pop, a banda retrata experiências da juventude com uma ótica otimista. Um exercício consciente de lembrar que ainda há muitas possibilidades e um caminho promissor pela frente. 

Falando nisso, a banda, agora em São Paulo, assinou com a Deckdisc e está produzindo o segundo disco da carreira. Eu conversei com o Bob, guitarrista da Jambu, sobre essa nova fase do grupo, os desafios do amadurecimento e a produção do novo trabalho. Confira.

Uma das coisas que me chamou a atenção quando ouvi Jambu foi a sensação leve e divertida. Isso é resultado da amizade de vocês? Como é a troca entre os membros da Jambu?

Tem muito a ver com a nossa relação e com a mensagem que a gente gostaria de passar pras pessoas. Nós acreditamos que enxergar a vida de uma forma mais leve é uma boa forma pra conseguir lidar com todos os desafios. Então, essa é a mensagem que a gente gosta de passar pras pessoas quando fazemos alguma música. Transmitir essa leveza é muito importante pra que as pessoas também se sintam abraçadas pela música.

Embora soe como amigos tocando um som que gostam, vocês já estão em uma nova fase, com novo disco pra sair, agora através de uma gravadora.. Equilibrar esses dois universos é um desafio?

Eu acho que esse, na verdade, é um dos maiores desafios em ter uma banda com os amigos. Porque além do lado emocional e afetivo que a gente tem pelas pessoas, pelos nossos companheiros, tem um lado profissional da coisa. 

Estar numa gravadora, querendo ou não, quer dizer que a gente tá indo pra um patamar onde as coisas estão ficando cada vez mais sérias.

Então, talvez, fazer música seja a parte mais fácil. Todas essas outras questões profissionais são as partes difíceis. Faz parte da Jambu, mesmo. A gente tá sempre equilibrando, tanto o lado profissional quanto o lado emocional, as amizades e essas coisas.

O aspecto visual da banda é muito marcante. Rola um cuidado extra com a estética dos vídeos, artes e tudo mais?

Sim. Desde que a Jambu começou, a gente sempre se importou muito em como as pessoas iam enxergar a banda, principalmente sendo um grupo que vem de Manaus. Geralmente, as pessoas já têm uma imagem estereotipada da arte nortista. 

Então, a gente sempre procurou ter esse cuidado com a nossa imagem, justamente para não apagarmos as nossas raízes. Mas, também, para mostrar que somos uma banda do norte, mas não fazemos necessariamente o som que as pessoas esperam que uma banda do norte faça. As nossas referências nortistas fazem parte da gente independente do som que a gente faz.

A gente costuma falar que somos um coletivo multi-artístico. Então, tem vários artistas dentro da banda. O Gabriel (vocal/guitarra) é uma pessoa que gosta muito da parte visual, gosta muito de moda. Então, ele é uma pessoa que puxa muito nesse quesito de pesquisar referências, planejar o nosso visual, pensarem como será o videoclipe.

É uma preocupação que sempre esteve desde o primeiro momento que a gente pensou “caraca, é isso que a gente vai fazer”. Então, se vamos fazer isso profissionalmente, a gente tem que cuidar da nossa imagem. Não de uma forma vaidosa, mas de uma forma artística.

Recentemente vocês soltaram o single “deixa fluir”. Como foi a produção e qual é a expectativa com esse som?

O processo de produção de “deixa fluir” foi bem diferente porque, na época, a gente tava morando junto. Estávamos na mesma casa e tinha um estudiozinho que a gente tinha montado. 

A gente não se reunia necessariamente pra fazer as músicas. Sei lá, o Gabriel abria o computador e botava uma ideia, depois, ia tomar café. Aí, eu acordava e botava outra ideia.

E a gente foi construindo algumas músicas dessa forma. “deixa fluir” é uma das músicas que resultou desse processo.

Quando pegamos ela pra produzir de verdade, a gente sentiu que era uma música muito boa. Pela harmonia, ela transmitiu uma vibe muito feliz e a gente escolheu usar como single por causa disso.

Eu tenho acompanhado com muita curiosidade alguns spoilers que vocês tem soltado nas redes sociais. O que vocês já podem contar sobre o novo disco?

O que eu posso falar é que vai ser um álbum muito mais maduro. Vamos tentar explorar um pouco mais das nossas raízes nas músicas.

Trazer um pouco mais do nosso lado nortista não apenas na sonoridade, mas no que as letras falam. Contando o cotidiano das pessoas que moram lá, seja de uma forma extremamente direta ou de uma forma um pouco mais poética. 

No começo do ano, a gente se reuniu em um sítio para começar a compor as músicas, escutar o que já tínhamos e essa foi uma das coisas que a gente sentiu a necessidade de trazer.

Quais foram os artistas que mais influenciaram esse novo trabalho de vocês? 

Tem influências nossas, vitais desde o começo, como Red Hot Chilli Peppers, Soundgarden, Pearl Jam. Todas as influências do rock que tínhamos, a gente manteve. 

Porém, a gente trouxe coisas mais brasileiras, como Skank, O Rappa, Charlie Brown… A gente quis trazer um pouco mais de brasilidade nesse álbum, pra gente conseguir conversar com o público brasileiro em geral.

Pra fechar: existe som pra tudo. Jambu é som para…

Jambu é um som pra tu escutar com os teus amigos de verdade, num pôr do sol em um flutuante, lá em Manaus. Quer dizer, você também pode escutar num bar, com os teus parceiros, tomando aquela cerveja gelada. Mas, enfim, é uma música pra tu compartilhar com os teus amigos em algum momento bom.

Acompanhe a Jambu nas redes sociais para não perder nenhuma novidade do novo disco.

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