Não é sempre que encontramos bandas com uma sonoridade tão marcante quanto Men I Trust. Isso se torna ainda mais relevante ao notar que essa assinatura é econômica, quase silenciosa.

O quinto álbum do quarteto reforça essa marca, com canções contemplativas pautadas pela simplicidade do indie pop gravado em casa. A partir de sintetizadores nostálgicos e baterias pacientes, todo o disco evoca paisagens bucólicas e reflexões existenciais.

Mas, não se engane pela voz mansa e pelas batidas lentas. Equus Asinus é um intenso mergulho de introspecção; requer disposição e um tanto de coragem.

Para quem gosta de: Mac DeMarco, Loving e Florist

Melhores faixas: Heavenly Flow, I Come With Mud e Girl (2025)

Ouvir “Se Chover” é como ser transportado para uma pausa. Um momento de irremediável reflexão, exercício conduzido por Lucas Gonçalves no decorrer de 10 faixas que transitam entre o jazz, o folk alternativo e o indie rock com muita liberdade.

Apontando para influências de Lô Borges e Beto Guedes, o cantor não deixa de reformular suas referências para criar algo novo, repleto de significado e movimento. 

Com muita naturalidade, o artista compartilha amores, sonhos, dificuldades e esperanças, embalado por uma produção rica em detalhes e criativamente refinada.

Para quem gosta de: Cícero, Maglore e Lô Borges

Melhores faixas: Basta, O Sol Vai Nascer Outra Vez e Na Bagagem

O que forma uma estranha melodia? No caso de Livia Nery, consiste em uma mistura fluida de pop, neo soul, ritmos brasileiros e da américa central.

Melodia mágica, imersiva, atemporal. Talvez essa seja a razão para o adjetivo “estranho” se encaixar tão bem na estreia da cantora baiana. Afinal, como pode um disco soar tão fresco e, ao mesmo tempo, tradicional como um clássico?

Criando uma atmosfera hipnotizante, vozes se juntam a uma pluralidade de timbres que encolhem e expandem organicamente.

Para quem gosta de: Céu, Luiza Lian e Maria Luiza Jobim

Melhores faixas: Estranha Melodia, Ave Sal, Cantoria e Vinte Léguas

As memórias, as paisagens e os cheiros se entrelaçam em um disco de profunda carga confessional. Nome constante na música mineira, Bernardo Bauer apresenta o seu pássaro-cão em um disco marcado por uma delicadeza impactante.

Em meio ao folk, o jazz, o indie e a MPB, o músico reflete sobre questões que atravessam a individualidade e alcançam uma aura coletiva, como a saudade, o medo e a ancestralidade.

Embora se trate de temas densos, Bauer tem uma capacidade particular em trazer serenidade para tudo. Feito que engrandece o trabalho a cada nova faixa.

Para quem gosta de: Moons, Píncaro e Sítio Rosa

Melhores faixas: Calçada, Coragem e Memórias (Uma Cidade Esburacada)

Se eu pudesse dar apenas uma dica antes de você dar play em Hill, Flower, Fog, seria: não crie expectativas, mas aproveite o caminho. 

O projeto solo da líder do Florist segue por novas direções, construindo paisagens sonoras sem pressa alguma. Pouco a pouco, Emily vai nos tragando para uma dimensão repleta de camadas, timbres e modulações.

É como se cada movimento da música feita pela artista norte-americana representasse um pequeno reflexo de luz, que se encontra com a superfície da água, em uma tarde lenta e calorosa.

Para quem gosta de: Ezmeralda, Ezra Feinberg e Masayoshi Fujita

Melhores faixas: Mirror, Star Gazing e Moon View

O clima árido e solitário se instala poucos segundos após o início de Rhonda, primeiro disco da trilogia que acompanha Invisible Woman, protagonista da história. 

Batidas lentas, guitarras empoeiradas, baixos contidos e sintetizadores elegantes evocam uma estética noir, embalada pelo soul, funk, jazz e um discreto indie psicodélico.

Fica evidente a capacidade de Machete em equilibrar a sonoridade econômica a uma explosão de sentimentos, que se cruza com cenas vívidas de um momento incerto.

Para quem gosta de: The Arcs, Cassiano e Qinhones

Melhores faixas: With No One Else Around, Carrousel e Lips

Em “Outros Fios”, Bernardes compartilha reflexões não tão simples assim. Abrindo mão do reducionismo do disco anterior, Chico Bernardes faz novas experimentações, somando instrumentos, texturas e arranjos ao longo de dez faixas.

Conceitos como memória, propósito e perfeição são evocados em versos econômicos. Um exercício individual, pautado pelo questionamento e não por respostas.

São pensamentos que se aprofundam à medida que novas camadas sonoras surgem. Sinal evidente da fluência do artista em construir diálogos entre letras e arranjos do disco.

Para quem gosta de: Nick Drake, Jennifer Souza e Gabriel Milliet

Melhores faixas: Inerte, Todacor e Metades Minhas