A estreia de Janine é reclusa, mas nada tímida. Em "Muda", uma enxurrada de sentimentos encontra na voz expressiva da artista um canal para emergir.

Ora deliciosas, ora dolorosas, as transformações são o tema central de um trabalho igualmente agridoce, que se expande e encolhe com a naturalidade do acaso.

Numa mistura de referências que passa pelo indie, pelo rock, MPB e psicodelia, a carioca encontra a forma ideal para comunicar esse processo interior.

Para quem gosta de: Ente, Sara Não Tem Nome e Nina Maia

Melhores faixas: Aquela e Uníssono

O quarto álbum do quinteto mais saboroso de São Paulo surpreende. Embora apresente algumas das faixas mais soturnas da discografia, “27” é um disco absolutamente pop.

Novos elementos surgem para renovar a sonoridade do grupo, com timbres oitentistas, percussões ensolaradas e arranjos mais polidos, caminhando por diferentes territórios.

Reflexo de uma geração cronicamente online, as canções parecem pequenos universos sonoros. Fragmentos que se unem em torno de temas como a passagem do tempo, amizades e o autocuidado diante de uma realidade cada vez mais apática.

Para quem gosta de: Terno Rei, Gumes e Ombu

Melhores faixas: Amizade, Debochado e Nem Sempre Fui Assim

“Estrella por Estrella” é um daqueles discos que rompe todas as expectativas. Pode-se esperar de tudo, menos o que se segue ao longo dos 30 minutos do álbum.

São sessões experimentais, com base em guitarras distorcidas, cortes secos e incontáveis camadas que percorrem as atmosferas opostas da contemplação e do caos.

O artista explora temas circulares, ruídos difusos e timbres expansivos ao costurar sua investigação dos limites sonoros.

Para quem gosta de: Mk.gee, Ezmeralda e Forma Norte

Melhores faixas: Monster G, Acidito e Unying Force

O indie pop de corama amplifica questões que todo jovem adulto precisa enfrentar e, em alguns casos, descobrir as respostas sozinho.

Reflexões existenciais se misturam a confissões amorosas em um trabalho que acertadamente equilibra o espírito jovem com uma produção experiente.

A sonoridade garageira se atualiza aos tempos digitais, mesclando guitarras cruas a baterias eletrônicas e samples simpáticos. Ambiente propício para que suas dúvidas se cristalizem em um registro marcado pela honestidade.

Para quem gosta de: Clara Bicho, Brvnks e Jambu

Melhores faixas: sem sentido e quem me dera

As bases enérgicas e urbanas se contratam a letras íntimas, num disco que parece extrair frações concentradas de si mesma.

A poesia confiante e intrincada da cantora recifense encontra solo fértil em sintetizadores borbulhantes e batidas abrasivas.

Temas como sonhos, medos, crenças, desejos e até o fazer música surgem a partir de canções que não se preocupam em diluir sua forte carga lírica. Reside nisso, a força do álbum.

Para quem gosta de: Luiza Lian, ÀIYÉ e Maria Beraldo

Melhores faixas: Mormaço, Autogafia e Big Bang

O que faz um som transmitir a sensação de liberdade? Essa é uma resposta cheia de subjetividade, mas ao ouvir a estreia de The Arcs, é fácil reconhecer essa aura.

Guitarras empoeiradas e cheias de personalidade nos conduzem em uma roadtrip pelo rock psicodélico de décadas passadas. 

Apesar disso, breves encontros com o pop e o indie trazem um frescor para o disco que, em momento algum, desacelera até chegar em seu destino.

Para quem gosta de: Black Keys e Rolling Blackouts Coastal Fever

Melhores faixas: Stay in My Corner, Put a Flower in Your Pocket e The Arc

O mundo dá voltas e se encontra no novo disco do BaianaSystem. E isso sequer é uma figura de linguagem. 

Os nomes mais importantes da música contemporânea aparecem no quinto álbum do grupo. Entre eles, Gilberto Gil, Emicida, Anitta, Pitty, e Seu Jorge.

Em "O Mundo Dá Voltas”, o dub, o reggae, o pagode baiano e os ritmos latinos são protagonistas de um álbum que, passados alguns meses, melhora a cada escuta.

Para quem gosta de: Edgar, Nação Zumbi e Céu

Melhores faixas: Balacobaco, Magnata e A Laje