Antes de dar play, te peço uma coisa: abandone todas as suas expectativas sobre o disco. Se você espera um álbum de pop ou reggaeton, não é exatamente isso que irá encontrar.

A cada nova faixa, Bad Bunny surpreende ao revelar uma sonoridade de extensas possibilidades. Para além do pop — muito bem posicionado no disco —, ele mergulha em ritmos e timbres que celebram a cultura porto-riquenha, como a salsa

A esse arranjo refinado, o cantor costura fragmentos de diálogos e memórias que nos transportam para uma atmosfera nostálgica, mas sem tirar de vista um vívido presente (ainda que um pouco agridoce).

Para quem gosta de: Rauw Alejandro e Tainy

Melhores faixas: BAILE INoLVIDABLE, WELTiTA e TURiSTA

"Minha voz é flecha e acertou você" dispara já no início do disco. O verso não é a toa.

A voz de Tássia é protagonista absoluta no disco, que flutua entre ritmos. O mais interessante é como Tássia consegue projetar sua voz de forma tão íntima sem perder a graça, a potência ou a vitalidade.

Samba, blues, soul e jazz coexistem em um diálogo cativante, enquanto os versos celebram a plenitude de viver na busca por um equilíbrio completo: entre individualidade, amores, amizades e espiritualidade.

Para quem gosta de: Liniker, Karen Francis e Xênia França

Melhores faixas: Brecha, Sol Maior e Asfalto Selvagem

Influências do rock oitentista e do indie pop de 2010 surgem a todo instante, trazendo um sentimento familiar e reconfortante.

O grande destaque, porém, são as letras. Inusitadas e, ao mesmo tempo, encantadoras, elas surgem como lapsos de pensamentos aleatórios, ganhando um tom de crônica ao somar-se com o ótimo trabalho de arranjos.

Em pouco mais de 30 minutos, a banda catarinense faz um ótimo contraponto ao status quo do gênero, mostrando que dá pra ser divertido, sem ser reaça

Para quem gosta de: Besouro Mulher, Irmão Victor e Ana Frango Elétrico

Melhores faixas: Coisas Estranhas, Rua da Lua Cheia e Lagartixa Tropical

Esse pode ser um novo território musical para você, mas te garanto: vale a pena. Ainda mais começando por um discaço como esse.

Em Soft Power, Ezra Feinberg provoca experiências e sensações através de uma sonoridade simples, minimalista, sensorial, mas não menos refinada, pairando entre o jazz, o art pop e a música ambiente

São camadas de texturas, partículas sonoras e movimento sutis que crescem a medida em que as faixas se apresentam. Um trabalho super delicado e sinestésico.

Para quem gosta de: Nala Sinephro, Shabaka e Cavalcantíssimos

Melhores faixas: Flutter Intensity e Soft Power

Enquanto muitos olham para fora, Pecaos está em constante autoreflexão. Em seu disco de estreia, o rapper curitibano discute o tempo, filosofia e vivências sob uma ótica bastante autêntica.

Letras complexas se equilibram a flows e beats enxutos, como se dissesse "talvez, assim, vocês consigam me acompanhar”.

O resultado é um trabalho envolvente, graças à força de sua proposta e a honestidade colocada nos versos.

Para quem gosta de: Sant, Síntese e Rashid

Melhores faixas: Como Se Eu Não Soubesse e Forasteiro

O pique de Dora é elegante, hipnótico e tremeluzente. Em estreia solo, a cantora carioca parte do que construiu coletivamente com Bala Desejo para avançar em direção a uma nova atmosfera.

Com uma produção refinada, Dora faz um excelente trabalho ao incorporar sua identidade marcante em um disco de MPB impecável.

São canções que habitam entre o jazz e a bossa, sem abrir mão de uma boa experimentação, responsável por um senso de magnetismo por toda a obra.

Para quem gosta de: Ana Frango Elétrico, Julia Mestre e Nina Maia

Melhores faixas: Essa Confusão, Talvez (As Canções) e Venha Comigo

Já viu instrumento falar? É o que hoovaranas parece ser capaz de fazer.

Muitos discos de Math Rock criam momentos específicos para cada instrumento ganhar destaque. m a banda decidiu jogar por regras próprias em Três, disco mais recente do trio paranaense.

A todo momento, os instrumentos interagem fluidamente, respondendo um ao outro de forma precisa em temas musicais muito bem projetados.

Talvez por isso a maior força do álbum esteja nas faixas em que a dinâmica é desafiada, retorcida e reapresentada, num exercício fascinante e que surpreende o ouvinte.

Para quem gosta de: Taco de Golfe e Chon

Melhores faixas: Êxtase, Fuga e Odisseia