Impossível não sentir a personalidade do artista soteropolitano pulsando pelas canções de sua nova mixtape. E é justamente essa identidade complexa, múltipla e autêntica de Rei Lacoste que faz do trabalho um registro tão potente.

São faixas que unem o drill, o trap, o amapiano, afrobeat, o pop para criar um panorama da música contemporânea e urbana da Bahia. Cenário que ganha força com as ótimas participações de colaboradores, como Giovani Cidreira, Juçara Marçal, cajupitanga e Bebé.

Questões existenciais, amores, desencontros e a passagem do tempo são investigados por um álbum profundamente delicado, apesar de sua abordagem enérgica e dançante.

Para quem gosta de: Giovani Cidreira, TAXIDERMIA, Bebé e cajupitanga

Melhores faixas: Sem Ódio na Pista, Sem Contrato e Gosthing

Julia Mestre afunila seu olhar para o pop oitentista como principal fonte de inspiração para seu terceiro disco.

Embora seja evidente os acenos a nomes como Rita Lee e Marina Lima, a cantora incorpora referências à sua própria sonoridade sem cair no pastiche.

Com arranjos polidos e timbres que parecem viajar no tempo, a artista carioca nunca esteve tão à vontade quanto em “Maravilhosamente Bem”, que nos apresenta algumas das suas melhores canções em um disco tão vibrante que não percebemos o tempo passar.

Para quem gosta de: Dora Morelenbaum, Ana Frango Elétrico e Bruno Berle

Melhores faixas: Sou Fera, Marinou Limou, Vampira e Sentimento Blues

Dando a volta na lógica, Thomas Berti faz um disco inspirado pela falta de inspiração. 

O músico paulistano sistematizou partidas históricas de xadrez para dar vida a um experimento musicado, que encontra na música ambiente e experimental um campo fértil. 

São texturas, silêncios e timbres que não só parecem, mas efetivamente disputam a percepção do ouvinte em um álbum, que ganha profundidade à medida que sua proposta se revela.

Para quem gosta de: Voices from The Lake e Jefre Cantu-Ledesma

Melhores faixas: MCX LA (Roterdã, 2015) e KV X AA (Correspondência, 1909-1910)

Dois anos após o lançamento de “Terapia”, Ebony decidiu apresentar uma nova faceta com KM2.

Reflexivo, mas não menos potente, a rapper flui em rimas que abordam desafios, conquistas, medos e lembranças a partir de batidas que flertam com o trap, o R&B e o grime.

São instantes de euforia, intercalados por momentos de introspecção, multiplicando camadas em um disco marcado pelo amadurecimento de uma das figuras mais relevantes do rap contemporâneo.

Para quem gosta de: MC Morena, nabru e Febem

Melhores faixas: Hong He, KIA e Não Lembro Da Minha Infância

Dois dos nomes mais relevantes da música recente se encontram para um trabalho que converge sonoridades distintas para criar algo novo.

As marcas individuais estão lá: a guitarra falante e a poesia afiada de Jadsa, a voz onírica e a interpretação íntima de YMA. Mas, a união dessa força criativa habita um novo território.

A música brasileira dos anos 70 se mistura ao pop e à psicodelia em canções marcadas pela intensidade das vozes e por arranjos orgânicos, como se os instrumentos começassem a tocar espontaneamente.

Para quem gosta de: Luiza Lian, Sessa e Maria Beraldo

Melhores faixas: Mete Dance, Defeito 5: O Olho do Lago

O vaporwave ressurge no EP de Nego Joca. Para quem achava que a estética tinha se esgotado, o rapper gaúcho mostra que ainda há muito a se criar.

A partir de timbres nostálgicos, o artista cria um ambiente etéreo para canções que refletem sobre como os conflitos externos impactam seu interior.

Numa mistura equilibrada entre o boombap e o trap, o novo trabalho de Nego Joca cumpre muito bem a tarefa de apresentá-lo a um novo público, iluminado por luzes de neon.

Para quem gosta de: niLL, Victor Xamã e Febre90s

Melhores faixas: Ainda é Tempo, Nada Igual e Vaporman

O termo “música de elevador” ganha uma nova dimensão na estreia do projeto Cavalcantíssimos, do carioca Gabriel Guerra. 

Definitivamente atmosférico, “Os Corredores” é resultado de uma encomenda de uma trilha sonora para o Hotel Arpoador. Ao revisitar o trabalho, o músico faz um recorte de 21 faixas que exploram diferentes sensações através de arranjos sussurrantes, mas repletos de detalhes.

A partir de temas musicais e um farto repertório de sintetizadores, somos transportados para o lobby de um hotel, aguardando o check-in ou se despedindo da estadia.

Para quem gosta de: Pessoas Que Eu Conheço e Jefre Cantu-Ledesma

Melhores faixas: Eu Soube das Trovoadas No Sagãu e Tempus Transit